
Ecletismo Musical
O ecletismo musical é algo que vale a pena se atentar, principalmente se você trabalha com música, seja com eventos, como Dj ou mesmo com uma banda. O objetivo deste artigo é discutir sobre o ecletismo musical que vem crescendo no Brasil, e como ele pode afetar estilos que hoje são nichos e não mais um mercado.
Diversidade tem sido um conceito trabalhado em diversos seguimentos midiático nos últimos anos, basta observar o tema das principais campanhas publicitárias, novelas e ouvir 10 minutos de qualquer rádio popular (sem seguimento musical). Um exemplo grande do reflexo deste ecletismo musical é o Lollapalooza, um evento que reúne artistas dos mais diversos seguimentos musicais com valores altos de ingressos e um público disposto a assistir um show de uma banda de rock, pop etc.
Seria este ecletismo musical uma tendência? Seria uma manipulação midiática? Ou é simplesmente consequência da globalização?
Pluralidade Cultural
O Brasil é um país com uma pluralidade cultural gigantesca, referencia mundial em diversos estilos musicais, samba, pagode, sertanejo, chorinho (original do Rio de Janeiro). Todos estes estilos carregam em suas letras e melodias um conceito histórico, baseado na cultura dos artistas e de um povo pertencente àquela cultura e momento histórico. Sendo assim não podemos afirma que o Brasil não tem uma cultura musical, tem sim e é muito rica.
Acolher outras culturas no âmbito mais amplo da palavra faz parte da cultura do povo brasileiro, que está aberto ao novo e a reinventar algo com tal referencia. Haja a vista o sertanejo dos anos 90 com melodias conhecidas do rock dos anos 80. Até mesmo o sertanejo dos anos 2000 intitulado de “sertanejo universitário” que poderia facilmente ser intitulado de “popnejo”.
E o rock? Por onde anda? Ele ainda está vivo?
Assim como todos os estilos citados o rock também tem seus grandes nomes no Brasil e fora do Brasil, alguns reconhecidos e com mais representatividade lá fora como Ratos de Porão, Sepultura, Angra e tantos outros. Mesmo não estando nas grandes mídias e na “moda” constantemente muitas bandas boas aparecem provando que o mesmo está vivo. Médicos de Cuba e Os13 são exemplos disso.
É importante ter em mente que mesmo com grandes nomes e movimentos, o rock não tem suas raízes cravadas em nossas terras. Historicamente o blues que originou o rock não nasceu aqui e isso tem um impacto cultural e consequentemente comercial muito grande. Música é cultura, experiência e conexão são a partir destes e outros fatores que se cria um movimento, também conhecido como cena.
A cena do rock atual está viva, repleta de bandas produzindo material tecnicamente de alta qualidade. Muitas bandas podem se considerar famosas se considerar o tamanho do mercado atual e seu engajamento com o público (este é o tema de um próximo artigo, cobrem e fiquem ligados).
Para entender como o ecletismo musical atual está afetando a cena do rock, vamos falar um pouco sobre o que existe além de toda e qualquer música, independente de seu estilo, que é a mensagem.
O ecletismo além dos gêneros musicais
Como dito anteriormente música é cultura, experiência e conexão e o que conecta a música e/ou banda com o público é a mensagem, é o que a sua música comunica, como ela comunica e a experiência que a pessoa vai ter ao terminar de ouvir o seu som. Tá e o que isso tem haver com ecletismo?
Não existe mais diferença nenhuma de conteúdo entre os estilos que estão em alta nas rádios e em qualquer grande mídia atualmente, incluindo a internet. Isso significa que grande parte das pessoas está em uma zona de conforto aguardando o próximo hit ou uma “novidade” que na verdade é mais uma música com molde pronto, somente com um arranjo a mais aqui uma estrofe a mais ali e tá pronto.
Como disse isso serve para todos os estilos em alta, até mesmo os popularescos. A mensagem passada são as mesmas justamente para agradar a todos que se identificarem com a mensagem, independente do gênero musical que ela curtir.
A consequência disso é que eventos de nichos como os de rock estão tendo que fazer um esforço muito grande para atrair, conquistar e fidelizar um público a fim de criar uma cena, já que o público está disperso em festas, baladas e barzinhos sem se preocupar com a experiência musical em si, com o tanto que o som esteja agradável aos seus ouvidos, divertido ou passando uma mensagem que reforce o clima do momento.
E agora? Está tudo perdido?
Agora meu amigo ou minha amiga, senta e chora! Brincadeira, minha dica é a seguinte: Se o mercado atual está favorável pra você aproveite e estude, esqueça a cultura supervalorizada do autodidata do nosso país. Estude música e todas as áreas relacionadas à mesma se você deseja realmente viver desta profissão seja como produtor musical, artístico ou mesmo instrumentista.
Agora se o mercado não estiver favorável para você minha dica é a seguinte: Estude música e todas as áreas relacionadas à mesma se você deseja realmente viver desta profissão seja como produtor musical, artístico ou mesmo instrumentista.
Não! Eu não estou sendo redundante, é importante que você esteja preparado para as oportunidades e não contar apenas com a sorte, o número de músicos virtuosos que estão fazendo um som no anonimato atualmente é gigantesco, e a diferença entre você e eles pode ser o fato daquela uma hora a mais de estudo e prática ou mesmo, o investimento em um conhecimento a mais naquela humilde escola de música do bairro.
Considerações finais
O intuito deste artigo e dos demais que estão por vir é debater estes assuntos relevantes para a cena underground. O ecletismo musical é um dos fatores que tem afetado a cena do rock e de outros estilos também, talvez por fatores culturais do nosso país devido à pluralidade cultural como citado, ou mesmo pelo rock não ter suas raízes cravadas em nossas terras e não podemos descartar os fatores midiáticos também provenientes da indústria cultural. Mas e você? O que tem a dizer sobre este ecletismo musical que estamos vivendo? Deixe sua opinião aqui ou nas redes sociais, será de grande valia e muito bem recebida e fique a vontade para deixar sugestões de novos temas relacionados a música.
Um forte abraço!
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